
O eterno descontente
Um homem descontente com a sorte queixava-se de Deus.
- Deus - dizia ele - dá aos outros as riquezas e a mim dá coisa alguma. Como é que eu hei de poder fazer o meu caminho nesta vida, sem nada possuir?
Um velho ouviu estas palavras e disse-lhe: - Acaso és tu tão pobre quanto dizes? Deus não te deu, porventura, saúde e mocidade?
- Não digo que não e até me orgulho bastante da minha força e do verdor dos meus anos. O velho, então, pegou na mão direita do homem e pergun-tou-lhe:
- Deixa cortar-te essa mão por mil rublos?
- Nem por doze mil!
- E a esquerda?
- Também não!
- E por dez mil rublos consentirias em ficar cego por toda a vida?
- Nem um olho dava por tal dinheiro!
- Vês - observou o velho - que riqueza Deus te deu e tu ainda te queixas?
Léon Tolstoi (Mensagem Extraída do Livro: "Preces e Mensagens Espirituais")
Lendo (de enxerida) um blogger de "um velho conhecido", percebi tantas coisas que não "queria" enxergar antes. Então, escolhi esse texto simples, bonitinho, e cheio de sentido. Por que as vezes somos eternamente infelizes, "reclamões" da realidade, cheios de verdades e insatisfações que cremos ser decocorrentes de uma suposta superioridade intelectual, ou pior, espiritual, e bradamos ao mundo nossos "versos" difíceis, nossas crônicas bem formuladas, cheias de palavras "que eu sei que nunca vou usar" - como disse uma vez Raul. Mas tudo isso é só pra complicar a energia do mundo, o propósito principal - o "amar". Ninguém é obrigado a crer que Jesus era diferente, era superior, era especial, mas todo mundo se percebe humano, sente dor, alegra-se, odeia e ama (uma única vez na vida, ama...algo, alguém, alguma situação, alguma arte). Então penso: porque sermos tão "descontentes", soturnos, tristes?!´Reconheço ser difícil viver satisfeito com o mundo que nos rodeia, mas admito que ele é lindo, que basta pensarmos a respeito, já nos é uma dádiva divina. Estamos na Semana Santa cristã, e talvez toda essa postagem tenha sido envolvida pelo espírito do momento, talvez tenha um pouco dos posts deste meu "conhecido", que brada insatisfação all time, e que me deixa triste em sabê-lo assim, mas também para mim mesma, para saber que muitas vezes estou errada, errando e sustentando esse "descontentamento" ingrato perante à vida, como eu a percebo. Por que aos 14 anos eu tinha a visão exata da maravilha que é viver, e se buscar nas memórias mais íntimas, continuo a saber que a vida é meu maior presente! Para isso, Joan Osbourn - que brada: yeah, God is Good, yeah, God is Great! Embora ela seja uma crítica ferrenha de algumas histórias católicas, cantou lindamente essa música, que vem a ser a minha preferida!