26 de jan. de 2011

Com vocês, Rubem Alves...ao Som de Eleonor Rigby


A solidão amiga

A noite chegou, o trabalho acabou, é hora de voltar para casa. Lar, doce lar? Mas a casa está escura, a televisão apagada e tudo é silêncio. Ninguém para abrir a porta, ninguém à espera. Você está só. Vem a tristeza da solidão... O que mais você deseja é não estar em solidão...

Mas deixa que eu lhe diga: sua tristeza não vem da solidão. Vem das fantasias que surgem na solidão. Lembro-me de um jovem que amava a solidão: ficar sozinho, ler, ouvir, música... Assim, aos sábados, ele se preparava para uma noite de solidão feliz. Mas bastava que ele se assentasse para que as fantasias surgissem. Cenas. De um lado, amigos em festas felizes, em meio ao falatório, os risos, a cervejinha. Aí a cena se alterava: ele, sozinho naquela sala. Com certeza ninguém estava se lembrando dele. Naquela festa feliz, quem se lembraria dele? E aí a tristeza entrava e ele não mais podia curtir a sua amiga solidão. O remédio era sair, encontrar-se com a turma para encontrar a alegria da festa. Vestia-se, saía, ia para a festa... Mas na festa ele percebia que festas reais não são iguais às festas imaginadas. Era um desencontro, uma impossibilidade de compartilhar as coisas da sua solidão... A noite estava perdida.

Faço-lhe uma sugestão: leia o livro A chama de uma vela, de Bachelard. É um dos livros mais solitários e mais bonitos que jamais li. A chama de uma vela, por oposição às luzes das lâmpadas elétricas, é sempre solitária. A chama de uma vela cria, ao seu redor, um círculo de claridade mansa que se perde nas sombras. Bachelard medita diante da chama solitária de uma vela. Ao seu redor, as sombras e o silêncio. Nenhum falatório bobo ou riso fácil para perturbar a verdade da sua alma. Lendo o livro solitário de Bachelard eu encontrei comunhão. Sempre encontro comunhão quando o leio. As grandes comunhões não acontecem em meio aos risos da festa. Elas acontecem, paradoxalmente, na ausência do outro. Quem ama sabe disso. É precisamente na ausência que a proximidade é maior. Bachelard, ausente: eu o abracei agradecido por ele assim me entender tão bem. Como ele observa, “parece que há em nós cantos sombrios que toleram apenas uma luz bruxoleante. Um coração sensível gosta de valores frágeis“. A vela solitária de Bachelard iluminou meus cantos sombrios, fez-me ver os objetos que se escondem quando há mais gente na cena. E ele faz uma pergunta que julgo fundamental e que proponho a você, como motivo de meditação: “Como se comporta a Sua Solidão?“ Minha solidão? Há uma solidão que é minha, diferente das solidões dos outros? A solidão se comporta? Se a minha solidão se comporta, ela não é apenas uma realidade bruta e morta. Ela tem vida.

Entre as muitas coisas profundas que Sartre disse, essa é a que mais amo: “Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.“ Pare. Leia de novo. E pense. Você lamenta essa maldade que a vida está fazendo com você, a solidão. Se Sartre está certo, essa maldade pode ser o lugar onde você vai plantar o seu jardim.

Como é que a sua solidão se comporta? Ou, talvez, dando um giro na pergunta: Como você se comporta com a sua solidão? O que é que você está fazendo com a sua solidão? Quando você a lamenta, você está dizendo que gostaria de se livrar dela, que ela é um sofrimento, uma doença, uma inimiga... Aprenda isso: as coisas são os nomes que lhe damos. Se chamo minha solidão de inimiga, ela será minha inimiga. Mas será possível chamá-la de amiga? Drummond acha que sim:

“Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.!“

Nietzsche também tinha a solidão como sua companheira. Sozinho, doente, tinha enxaquecas terríveis que duravam três dias e o deixavam cego. Ele tirava suas alegrias de longas caminhadas pelas montanhas, da música e de uns poucos livros que ele amava. Eis aí três companheiras maravilhosas! Vejo, frequentemente, pessoas que caminham por razões da saúde. Incapazes de caminhar sozinhas, vão aos pares, aos bandos. E vão falando, falando, sem ver o mundo maravilhoso que as cerca. Falam porque não suportariam caminhar sozinhas. E, por isso mesmo, perdem a maior alegria das caminhadas, que é a alegria de estar em comunhão com a natureza. Elas não vêem as árvores, nem as flores, nem as nuvens e nem sentem o vento. Que troca infeliz! Trocam as vozes do silêncio pelo falatório vulgar. Se estivessem a sós com a natureza, em silêncio, sua solidão tornaria possível que elas ouvissem o que a natureza tem a dizer. O estar juntos não quer dizer comunhão. O estar juntos, frequentemente, é uma forma terrível de solidão, um artifício para evitar o contato conosco mesmos. Sartre chegou ao ponto de dizer que “o inferno é o outro.“ Sobre isso, quem sabe, conversaremos outro dia... Mas, voltando a Nietzsche, eis o que ele escreveu sobre a sua solidão:

“Ó solidão! Solidão, meu lar!... Tua voz – ela me fala com ternura e felicidade! Não discutimos, não queixamos e muitas vezes caminhamos juntos através de portas abertas. Pois onde quer que estás, ali as coisas são abertas e luminosas. E até mesmo as horas caminham com pés saltitantes.

Ali as palavras e os tempos
poemas de todo o ser se abrem diante de mim. Ali todo ser deseja transformar-se em palavra, e toda mudança pede para aprender de mim a falar.“

E o Vinícius? Você se lembra do seu poema O operário em construção? Vivia o operário em meio a muita gente, trabalhando, falando. E enquanto ele trabalhava e falava ele nada via, nada compreendia. Mas aconteceu que, “certo dia, à mesa, ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção ao constatar assombrado que tudo naquela casa – garrafa, prato, facão – era ele que os fazia, ele, um humilde operário, um operário em construção (...) Ah! Homens de pensamento, não sabereis nunca o quando aquele humilde operário soube naquele momento! Naquela casa vazia que ele mesmo levantara, um mundo novo nascia de que nem sequer suspeitava. O operário emocionado olhou sua própria mão, sua rude mão de operário, e olhando bem para ela teve um segundo a impressão de que não havia no mundo coisa que fosse mais bela. Foi dentro da compreensão desse instante solitário que, tal sua construção, cresceu também o operário. (...) E o operário adquiriu uma nova dimensão: a dimensão da poesia.“

Rainer Maria Rilke, um dos poetas mais solitários e densos que conheço, disse o seguinte: “As obras de arte são de uma solidão infinita.“ É na solidão que elas são geradas. Foi na casa vazia, num momento solitário, que o operário viu o mundo pela primeira vez e se transformou em poeta.

E me lembro também de Cecília Meireles, tão lindamente descrita por Drummond:

“...Não me parecia criatura inquestionavelmente real; e por mais que aferisse os traços positivos de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e sociabilidade, restava-me a impressão de que ela não estava onde nós a víamos... Distância, exílio e viagem transpareciam no seu sorriso benevolente? Por onde erraria a verdadeira Cecília...“

Sim, lá estava ela delicadamente entre os outros, participando de um jogo de relações gregárias que a delicadeza a obrigava a jogar. Mas a verdadeira Cecília estava longe, muito longe, num lugar onde ela estava irremediavelmente sozinha.

O primeiro filósofo que li, o dinamarquês Soeren Kiekeggard, um solitário que me faz companhia até hoje, observou que o início da infelicidade humana se encontra na comparação. Experimentei isso em minha própria carne. Foi quando eu, menino caipira de uma cidadezinha do interior de Minas, me mudei para o Rio de Janeiro, que conheci a infelicidade. Comparei-me com eles: cariocas, espertos, bem falantes, ricos. Eu diferente, sotaque ridículo, gaguejando de vergonha, pobre: entre eles eu não passava de um patinho feio que os outros se compraziam em bicar. Nunca fui convidado a ir à casa de qualquer um deles. Nunca convidei nenhum deles a ir à minha casa. Eu não me atreveria. Conheci, então, a solidão. A solidão de ser diferente. E sofri muito. E nem sequer me atrevi a compartilhar com meus pais esse meu sofrimento. Seria inútil. Eles não compreenderiam. E mesmo que compreendessem, eles nada podiam fazer. Assim, tive de sofrer a minha solidão duas vezes sozinho. Mas foi nela que se formou aquele que sou hoje. As caminhadas pelo deserto me fizeram forte. Aprendi a cuidar de mim mesmo. E aprendi a buscar as coisas que, para mim, solitário, faziam sentido. Como, por exemplo, a música clássica, a beleza que torna alegre a minha solidão...

A sua infelicidade com a solidão: não se deriva ela, em parte, das comparações? Você compara a cena de você, só, na casa vazia, com a cena (fantasiada ) dos outros, em celebrações cheias de risos... Essa comparação é destrutiva porque nasce da inveja. Sofra a dor real da solidão porque a solidão dói. Dói uma dor da qual pode nascer a beleza. Mas não sofra a dor da comparação. Ela não é verdadeira.

Mas essa conversa não acabou: vou falar depois sobre os companheiros que fazem minha solidão feliz.

(Correio Popular, 30/06/2002)

E aí?

E aí?

Doe Palavras

O Hospital Mário Penna, em Belo Horizonte, que cuida de doentes de cÂncer, lançou um projeto sensacional que se chama "DOE PALAVRAS".

Fácil, rápido e todos podem doar um pouquinho.

Você acessa o site, escreve uma mensagem e sua frase aparece no telão para os pacientes que estão fazendo tratamento. Na hora que eles estão lá e, enquanto fazem a quimioterapia, podem ler o que escrevemos para ele.

http://www.doepalavras.com.br

" Esses eu conheço....E gosto"

Quero fazer aqui uma homenagem e divulgação de pessoas que conheço, e que fazem um "barulho" bom. Citando o já citado no blog de Sol - “Cada qual é bom no seu e cada cabeça é um mundo”. Bule Bule (Repentista baiano).


metal sinfônico...

O Nightwish é uma banda da Filândia, formada desde 1996.
Conheci na mesma época que o Evanescence (aliás, as vocalistas não fogem nada do clichê cabelão preto e pele branca quase sem sangue, das "roqueiras")....rs
Mas o que vale aqui é: diferente e bonita.
Pra quem não conhece....

Gostei....

.....muito do novo álbum do U2!
Achei mais rock in roll....
Mais minha cara.... pretensiosa!!!!!!!!
Bom demais....
O "Blur" começou no início dos anos 90 com uma sonoridade não muito distante das bandas que dominavam a cena britânica da época. Era uma mistura do rock psicódelico e dançante do Stone Roses e afins com as guitarras e a introspecção de bandas como o My Bloody Valentine, que fazia o estilo "shoegazer" (a saber, uma postura tímida no palco que se caracteriza pela quase inércia dos integrantes, que muitas vezes mal encaravam a platéia e mantinham o olhar para baixo, daí "shoegazer"). Mas com o andamento de sua carreira o Blur desenvolveu o seu próprio estilo, resgatando elementos da música britânica e liderou uma verdadeira renovação no rock inglês, o chamado britpop, se firmando como uma das mais importantes bandas da década e rivalizando com o Oasis.

Momento " Diário"....

Two weeks away feels like the whole world should've changed
But I'm home now
And things still look the same I think
I'll leave it till tomorrow to unpack
Try to forget for one more nightThat
I'm back in my flat on the road
Where the cars never stop going through the nightTo real life where
I can't watch sunset
I don't have time
I don't have time
I've still got sand in my shoes
And I can't shake the thought of you
I should get on, forget you
But why would I want to?
I know we said goodbye
Anything else would've been confused but
I wanna see you again....

Essa é Dido. Ela é uma cantora doce, bem técnica e com
muita poesia na voz.
O momento "diário"? ah, vamos lá:

Nós 2 temos uma história de momentos marcantes na vida, os quais não posso falar (oops, nada somente a ver com romances )rs

That´s it!


"essa música me lembra o feriado que acabou de acabar..."


http://www.youtube.com/watch?v=eVP997IyDjI

A autora da idéia....

Gente, acabei de acordar, pronto, coisa de diário de novo, mas acabei de acordar e ver que passou o horário de ir assistir "Tchê", com Sol.
Sol, meu amor, desculpa. Esse bendito remédio pra dor muscular me apagou. :-(
Vamos à homenagem!!!! Amore, pra você, só poderia agradecer o incentivo de criar algo. Pra distrair e tornar o dia a dia mais leve. Obrigada amor. Pra você, escolhi um casamento perfeito. Coldplay + Buena Vista Social Club. Sei que você ama! Esse vídeo com imagens maravilhosas desse clube de dança dos anos 40, de Havana. Achei fantástica a versão de Clock.
P.S. Tem um adeno no final a Tchê.... perdão amore de ter dormido hoje.
Vejam o primeiro vídeo. Ainda nao sei mexer com isso aqui.



http://solangevalladao.blogspot.com

http://solangevalladao.blogspot.com

Cantinho " Maluco Beleza"

"Só há amor quando não existe nenhuma autoridade"

"Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade"

"Pare o mundo que eu quero descer..."

"Ninguém morre. As pessoas despertam do sonho da vida."

"Quero dizer agora o oposto do que eu disse antes Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo..."

"Sim, curvo-me ante a beleza de seràs vezes zombo de mim mesmo ao término de uma inteligente e aguçada constatação.Ermitão do insólito, poeta da dúvidaEntretanto duvido a dúvida por ser dúvidafruto de uma premissa lógica Mas nego, afirmo e não duvido de nadaPrisioneiro sem grade desse silêncio eterno."

"Meu egoísmo é tão egoísta que o auge do meu egoísmo é querer ajudar"

Eu sou fã desse cara! Leia também "Um roqueiro no além"


....window in the sky


me prometi não transformar isso aqui em um diário, ou algo de recadinhos......
muito menos "orkuts" e "uts" da vida, mas acabei de ver um um videozinho, mandado por minha amiga Gáby, referência em apresentar-me bandas novas, sons diferenciados,
uma expert em artes musicais e afins... sabe aquela amiga
que é tipo um I pod? Fala da música pra ela e plin... a ficha completa em suas mãos?
É um íncone de lembranças e referências..... e eu a amo.
Pronto!

P.S. E me apresentou o MUSE! I love you Gabinha...

O vídeo é esse:http://www.youtube.com/watch?v=JQ4j6JMLLLo


U2

U2